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sexta-feira, 26 de julho de 2013

#Conto4Conto - VIDA

E acaba que, no final, você chega à conclusão, que a vida não presta, não vale à pena.
É que não há nada no mundo que faça ele realmente valer à pena, que os amigos, ainda que verdadeiros, se afastam. Que o amor humano, ainda que verdadeiro, não morre, mas esfria, e às vezes até magoa, machuca, destrói. 
Entende que há uma lista enorme de pessoas falsas, interesseiras, arrogantes, orgulhosas, imorais, mais amigas dos prazeres do que amigas de Deus. E o que é pior, percebe que o seu nome também aparece grafado nessa lista.
Aí você começa a perceber, que na verdade nunca viveu, pelo menos não algo que se possa chamar de 'Vida', que apenas passou os anos empurrando-a com a barriga enquanto estes passavam e você se aproximava, cada dia em maior ritmo, da sepultura, sem nenhum legado suficientemente bom para deixar aqui.
Então, quando você chega nesse pico da vida, cansado de escalar, escalar e escalar, frustrado, por ter apenas chegado em um lugar mais frio e mais pesado do que o anterior, você olha pra baixo e só enxerga a triste e cansativa caminhada, que te trouxe a lugar nenhum. Não existe outra conclusão diferente. Para o que diz que sim, só duas opções: ou é cego, ou ainda está escalando na tola esperança de chegar a um lugar mais agradável, mais ameno do que o atual.
Então começa a fase mais angustiante da vida, Você percebe que, pior do que a imagem da montanha abaixo, só a imagem de que não existe mais montanha pra escalar, de que a esperança, de velha, morreu. Então você clama aos sete ventos, diz que não sabe mais o que fazer, e que já chegou no pico, que não há mais montanha a subir ou qualquer perspectiva de futuro. Até espera uma resposta, mais infelizmente, vento não fala. E enfim encerra o diálogo, elimina o última resto mortal de uma esperança que a tempo não respira. Conclui que o que resta é desistir, se soltar, se jogar nas mãos do vento, para calar, de uma vez por todas o grito de um coração cansado de sofrer. Fecha os olhos e, Pula!
O ar bate no rosto. O vento geme nos ouvidos. Podes até sentir o gelado toque da água no rosto. Começa a já ficar agoniado, por esse chão, esse túmulo que não chega nunca. Mil pensamentos inundam a mente, pensamentos mais gelados que o toque da água. Mas enfim, após tanto tempo, tira um trapo de coragem do fundo do baú e resolve abrir os olhos. É aí que você percebe, que na verdade não estava caindo, mas subindo. Agora já consegue sentir que o vento na verdade o está empurrando pra cima e não somente subindo pra que você desça.
Aí vem a pergunta principal, E esse vento, vem de onde?
Então você olha pra baixo e vê um rosto, um rosto que emana amor, um amor claramente verdadeiro, Um amor que transcende o imaginável, um amor visivelmente perfeito. E entende, que foi esse amor, que há momentos atrás tapou a boca desse rosto, para que ele pudesse enche-la de achar, para soprar o vento que agora te mantém, te eleva, faz respirar novamente uma esperança já morta.
Pra onde vai, não te preocupas, pois a perfeita expressão de amor nesse olhar é suficiente para criar em você a total certeza que está a caminho do melhor lugar do mundo. E que a vida vai apenas começar, pelas mãos de um Deus que tudo pode e, que às vezes mesmo calado, tudo faz.
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Gabriel
Gabriel Ciriaco é estudante mora em Araxá, Integrante do movimento Cartas do Rei, e agora amigo do Nestante.com conheça o em seu perfil no Facebook.

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