E
acaba que, no final, você chega à conclusão, que a vida não presta, não vale à
pena.
É que não há nada no mundo que faça ele realmente valer
à pena, que os amigos, ainda que verdadeiros, se afastam. Que o amor humano,
ainda que verdadeiro, não morre, mas esfria, e às vezes até magoa, machuca,
destrói.
Entende que há uma lista enorme de pessoas falsas,
interesseiras, arrogantes, orgulhosas, imorais, mais amigas dos prazeres do que
amigas de Deus. E o que é pior, percebe que o seu nome também aparece grafado
nessa lista.
Aí você começa a perceber, que na verdade nunca viveu,
pelo menos não algo que se possa chamar de 'Vida', que apenas passou os anos
empurrando-a com a barriga enquanto estes passavam e você se aproximava, cada
dia em maior ritmo, da sepultura, sem nenhum legado suficientemente bom para
deixar aqui.
Então, quando você chega nesse pico da vida, cansado de
escalar, escalar e escalar, frustrado, por ter apenas chegado em um lugar mais
frio e mais pesado do que o anterior, você olha pra baixo e só enxerga a triste
e cansativa caminhada, que te trouxe a lugar nenhum. Não existe outra conclusão
diferente. Para o que diz que sim, só duas opções: ou é cego, ou ainda está
escalando na tola esperança de chegar a um lugar mais agradável, mais ameno do
que o atual.
Então começa a fase mais angustiante da vida, Você
percebe que, pior do que a imagem da montanha abaixo, só a imagem de que não
existe mais montanha pra escalar, de que a esperança, de velha, morreu. Então
você clama aos sete ventos, diz que não sabe mais o que fazer, e que já chegou
no pico, que não há mais montanha a subir ou qualquer perspectiva de futuro.
Até espera uma resposta, mais infelizmente, vento não fala. E enfim encerra o
diálogo, elimina o última resto mortal de uma esperança que a tempo não respira.
Conclui que o que resta é desistir, se soltar, se jogar nas mãos do vento, para
calar, de uma vez por todas o grito de um coração cansado de sofrer. Fecha os
olhos e, Pula!
O ar bate no rosto. O vento geme nos ouvidos. Podes até
sentir o gelado toque da água no rosto. Começa a já ficar agoniado, por esse
chão, esse túmulo que não chega nunca. Mil pensamentos inundam a mente,
pensamentos mais gelados que o toque da água. Mas enfim, após tanto tempo, tira
um trapo de coragem do fundo do baú e resolve abrir os olhos. É aí que você
percebe, que na verdade não estava caindo, mas subindo. Agora já consegue
sentir que o vento na verdade o está empurrando pra cima e não somente subindo
pra que você desça.
Aí vem a pergunta principal, E esse vento, vem de onde?
Então você olha pra baixo e vê um rosto, um rosto que
emana amor, um amor claramente verdadeiro, Um amor que transcende o imaginável,
um amor visivelmente perfeito. E entende, que foi esse amor, que há momentos
atrás tapou a boca desse rosto, para que ele pudesse enche-la de achar, para
soprar o vento que agora te mantém, te eleva, faz respirar novamente uma
esperança já morta.
Pra onde vai, não te preocupas, pois a perfeita
expressão de amor nesse olhar é suficiente para criar em você a total certeza
que está a caminho do melhor lugar do mundo. E que a vida vai apenas começar,
pelas mãos de um Deus que tudo pode e, que às vezes mesmo calado, tudo faz.
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Gabriel |
Gabriel Ciriaco é estudante mora em Araxá, Integrante do movimento Cartas do Rei, e agora amigo do Nestante.com conheça o em seu perfil no Facebook.
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