Eu
gosto de aeroportos. Digo isto porque é algo que você provavelmente nunca
notou, nós sempre fomos breves em nossas despedidas. Algumas vezes já me peguei
sentado em uma mesa observando as pessoas entrarem e saírem dos portões, enquanto
tomo café. É um hábito que me ajuda bastante a passar o tempo, Carolina.
Já
vi empresário de maleta e notebook, figuras solitárias e cheias de pressa. Pare
eles, tempo é dinheiro, por isso mantém o celular no ouvido e o dedo no teclado
enquanto esperam a chamada para o vôo. Essas pessoas desperdiçam o tempo com o
que não é tão importante, Carolina.
Vi
também a moça nova, seus dezoito anos, com malas grandes e pais chorosos a
tiracolo. Está empolgada para morar em outra cidade: a idéia de independência
bate a porta, mas não diz quem realmente é. Por enquanto o gosto ainda é do
mais saboroso mel. Muitas vezes, pessoas esperam algo de seus sonhos, porém
descobrem uma realidade diferente, já parou para pensar nisso, Carolina?
Observo
agora a mãe de uma família de quatro crianças se dirigir ao portão de embarque.
Não consigo descobrir o que fará quando chegar ao seu destino, mas ouço a
promessa de pequenos presentes para cada um dos pimpolhos. O pai dribla um e
outro para dar um abraço na esposa. Ela finalmente entrega a passagem e entra.
As vezes penso se um dia chegaremos a formar uma família, Carolina.
As
despedidas me tomam mais tempo, mas não esqueço das chegadas. São pequenas
bolhas de alegria que estouram a cada passageiro que aparece. Abraços apertados,
choros e gritinhos chegam aos meus ouvidos. São tantas perguntas feitas que o
viajante não consegue se concentrar em apenas uma. Todos querem levar a mala,
ficam espiando a procura de algum presente. Prometo que separo para a sua volta
aquele doce de coco que você tanto gosta, pode ser Carolina?
Volto
para o carro, mas ainda consigo ver o avião levantando vôo e seguindo seu rumo,
levando um mar de preocupações, sonhos e saudades. Queria eu que ele também
levasse a saudade que sinto de ti, Carolina.
Epílogo:
Você deve estar se perguntando por que escrevi uma carta e não um e-mail. Pode
chamar de saudosismo, eu tenho gosto pela letra escrita pelo próprio punho. Não
espero que me escreva do mesmo jeito, mas faça do jeito que achar melhor.
Ass.
P.
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Divulgação/Facebook |
Lisy Muncinelli é:
“Jornalista de alma, fotógrafa em aprendizagem.
Escritora por vocação.”
você encontra ela no:
**Lisy é convidada para a segunda temporada de CONTO 4 CONTO.
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