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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Desconexo


    Não sei para quem redijo esta carta. Com certeza não será pra você, Pedro. Não me sinto mais a vontade para partilhar o que se passa dentro de mim. Talvez ficará inacabada, talvez será esquecida no fundo da gaveta, o que sei é que preciso colocar meus pensamentos em palavras, vírgulas e pontos. 

    Meus dias tem sido escuros, assombrados pelas lembranças. Me sinto desconexa, não sinto mais o fio que me ligava a você. O que sobra é me reinventar, desviar do caminho que estava percorrendo, remanejar. Vou lá fora respirar ar puro, andar um pouco, ver o que o mundo percorreu enquanto eu estava me preocupando contigo. Talvez eu encontre cor nas azaléias, canto nos pássaros e sonhos pelo caminho. Mas vou me livrar do fantasma da nossa relação. 

Ah se vou! 

Ass. Carolina


    Faz cinco meses que você partiu, Carolina. Cinco é o número de cartas que eu te enviei; recebi apenas duas, monossilábicas. Não sei se é a falta de tempo ou a falta de interesse que te impede de escrever mais. Prefiro ficar na ignorância. 

    Semana que vem você chega. Meu coração bate no ritmo do samba, aquele de raiz, criado na roda miúda pelos experientes moços de cabelos brancos. Velhice essa que possivelmente nunca chegaremos a experimentar, meu coração quase anseia por um romance shakespeariano. Você já reclamou comigo várias vezes por causa desse meu anseio dramático. Acredito que seja apenas reação ao meu imenso apreço pela arte. 
   Me fiz desconexo, sem querer. Perdão. 

Epílogo: O que importa é ver seu rosto tão belo, não mais apenas em meus sonhos… 

Ass. Pedro
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Divulgação/Facebook

Lisy Muncinelli é:
Jornalista de alma, fotógrafa em aprendizagem.
Escritora por vocação.”
você encontra ela no:


**Lisy é convidada para  a segunda temporada de CONTO 4 CONTO.


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